Poeart: De verso a verso

(a)mar

Yara Adryelle Souza — 2017-12-23

(a)mar

Enquanto espero amor...

Sento, choro e uivo de dor...

Esqueço, relembro e morro de rir...

Esperneio, imagino e tento dormir.

Enquanto não tenho quem me amar,

Tatuo minha pele,

Com os dizeres (a)mar,

E divago... navegando em alto mar.

Enquanto serei eu a (a)mar,

A vida intensamente,

Todo mundo... que for gente...

Estou aprendendo a amar...

Enquanto espero sem cessar,

O mundo em volta girar,

E então enfim parar,

Quando o encontrar.

Virarei parte do mar,

Quando eu o-a-mar,

Mas... enquanto não encontrar,

Por agora... serei mar.

A casa dos outros

Yara Adryelle Souza — 2017-12-23

A casa dos outros

As casa dos outros

É bonita,

Cheirosa e limpa.

A casa dos outros...

Assim...

Assado...

A casa dos outros

Tem portas, janelas e amor;

Luz, escuridão e esplendor.

A casa dos outros

Não cheira a vício,

Não cheira a descuido e ambição.

A casas dos outros

É colorida;

As cores da minha, sem vida.

A casa dos outros

Não tem portões quebrados;

Carcaças de carros, corações despedaçados.

A casa dos outros

Não é onde nasci, cresci e vi tudo mudar;

Não é onde amei e chorei sem parar.

A casa dos outros

Tem piso,

Telhas e as paredes não choram.

A casa dos outros

Não é a minha!

A casa dos outros

Não é seu lar.

A escuridão

Yara Adryelle Souza — 2017-12-23

A escuridão

Vive na obscuridade,

Como terra infértil,

Não ouve um pio,

Fica deitada,

A lembrar que desistiu.

Choraminga e geme,

E morre a cada suspiro,

Como numa partida,

A dar game over.

Vai se fechando,

Como uma triste rosa,

Murcha, perde a cor,

Pensando na dor...

De alguém que desistiu.

Pensamentos...

Lembranças...

A nostalgia do passado,

O tempo perdido...

A cada suspiro,

Preso na escuridão.

A cada porta fechada,

A cada arrependimento...

Momentos, lembranças do passado...

Ela se curva e chora.

A velhice

Francisca Lopes — 2017-12-23

A VELHICE

Os fios dourados dos cabelos

Escondem, apenas, os prateados

Que a idade imprime na cabeça

Sob os efeitos do sol e do vento

Enquanto os sonhos adormecem no passado.

Os dias e as noites vão tecendo

As marcas deixadas na mente

Com um gosto profundo de saudades

Memórias sacras de tempos idos.

A juventude vai escapando da tez sem piedade.

O vigor físico insiste em permanecer

Balizado por cuidados peculiares e hábitos saudáveis

Mesmo assim, esse vigor vai desbotando

Calmo e lento no tempo.

A visão espalma gotas opacas

Recobrindo a íris numa dimensão intraocular

Sem, contudo, deixar de enxergar o presente

Enquanto o futuro projeta-se nas sombras do passado

Soterradas entre a infância e a vida adulta.

Acompanhada

Alana Driziê — 2017-12-23

Acompanhada

Sozinha,

planos falhos,

ideias erradas

cartas rasgadas...

então

ele toca a campainha...

e tudo se transforma

em rosas...

Amely

Susan Haydock — 2017-12-23

AMELY

Amely é uma cabelereira.

Adora o que faz.

Quer fazer suas clientes lindas.

Ela acredita

Ter um toque de rei Midas.

Quando termina o dia,

Volta para seu apartamento

Onde mora só.

Lá, as venezianas são fechadas,

Os cômodos à meia-luz,

Os espelhos cobertos.

No seu apartamento,

Vira ostra.

Rapidamente se apronta pra dormir,

Quer sonhar.

Não dorme. Sonha acordada.

Se vê de corpo escultural,

Seus cabelos esvoaçantes,

Cria asas, voa e encanta.

Quem somos realmente?

Somos como nos enquadramos?

Somos quem adoraríamos ser?

Será que os sonhos de Amely deixa as mulheres mais bonitas?

Será que a dose de felicidade no trabalho impulsiona sua imaginação?

Sem respostas Amely toca sua vida.

Para mim, há muitas vidas

Dentro de seus contextos

Que são iguais às de Amely.

Aroma que o vento traz

Josué Júnior — 2017-12-23

AROMA QUE O VENTO TRAZ

no fim de julho

a chuva não caiu

o vento trouxe aquele cheiro

de folha solta e fim de tarde

beijo molhado e abraço grudado

por do sol e conversa de avião

cadarço desamarrado e mochila no chão

aquele cheiro que bem me lembra

o bom que era o coração palpitar

o céu tá nublado

as nuvens estão carregadas

mas água escorre pelo meu rosto

Árvore de tronco rijo

Milene Bazarim — 2017-12-23

Árvore de tronco rijo

Não dobra

Não enverga

Nem se curva

Árvore de tronco rijo

Não racha

Não quebra

Nem trinca

Árvore de tronco rijo

Em terra rasa

E sem raiz funda

Nas tormentas

Tomba

E finda

Mas eu não sou árvore

"Cálice", mulher!

Fabiane Marques — 2017-12-23

"Cálice", mulher!

Pai, afasta de mim esse rancor

Que vem me abalando e me desmoronando

Pai, afasta de mim esses pensamentos

Que roem dentro do meu ser

Pai, afasta de mim...

Não, não afasta!

Dessa vez não me calarei

Não irei ouvir o que tu falas

e balançar a cabeça como um marionete e dizer

Sim, senhor

Claro, senhor

Pois não, senhor

Pois da mesma forma como eu te devo respeito

Tu me deves também

Não é porque sou mulher

"Sexo frágil"

Terei que permanecer no meu devido lugar

Na pia, no fogão, cuidando dos filhos, dentro de casa

E ouvir, ouvir, ouvir e...

shhhhh calada!

"Ninguém pediu a tua opinião!"

Minha garganta formiga

A perguntar em que século tu achas que vive

XVIII? XIX? XX?

Não

Estamos no século das mulheres militares, pilotas de avião, juíza, senadora, deputada, presidenta, cientista, física

E outras profissões até então "masculinas"

Ocupamos poucas dessas vagas

E ainda somos injustiçadas

Por possuir salários inferiores que os homens

Em que parte da história estamos

para as mulheres serem ainda apedrejadas?

Não por logicamente pedras

Mas por palavras

PUTA

FOI PORQUE QUIS

E ESSA SAIA CURTA? TÁ PEDINDO

PIRIGUETE

VAGABUNDA

VADIA

Que país é esse que se uma mulher não anda acompanhada por homem

Tá querendo ser estuprada?

Brasil,

A puta que me pariu.

Cenas da minha infância

Kenne Felipe Vieira — 2017-12-23

Cenas da minha infância

O canto do galo nos acorda,

O leite quentinho a nos despertar,

A mata e os rios logo a explorar,

Primos e amigos juntos,

Diversão melhor não há!

O dia passa rápido!

Não dá tempo nem de brincar!

A noite logo vem,

Todos juntos ao redor da fogueira,

Juntos a cantar.

Meu pai já chama,

Venham todos pra cá!

A noite vai ser longa,

Muita história de terror,

Tendem a nos assustar!

Cidade morta

Guilherme Moés — 2017-12-23

Cidade morta

Quando regressei à minha cidade, lugar onde me criei,

Admirado, disse espantado: “- Cadê o lugar onde morei?”.

Não havia nada novo, tudo havia parado. Que lugar desbotado!

Parece que o tempo não havia passado por ali, parece que havia parado.

Ruas tortas, todas mortas, as mesmas portas, entupiu a aorta.

Quanta tristeza, quanta moleza dos representantes do povo.

A cidade regrediu! Não havia voz, não havia cor,

Amor também não havia. Que dor! Usurpador!

Ninguém critica. Todos têm medo. Que pesadelo!

O inferno na terra. Vem, me deserda!

Meleca. Asco, filho do bagaço! Pula do penhasco!

São tantas as pedras que no caminho surgem

Que espero um dia, que com ousadia

Uma flor surja na rua suja.

Convidar-te-ia para sentar comigo

Milene Bazarim — 2017-12-23

Convidar-te-ia para sentar comigo

À beira do rio

Enlaçaríamos as mãos

E você se lembraria

Que as águas passam

Que borboletas e flores

perdem as cores

E que findam

Mulheres e homens

Desenlaçar-nos-íamos então

Você é um guardador de rebanhos

E os seus não são pensamentos

São as suas emoções

Você já sabe que não sou nada

Que nunca serei nada

E que trago em mim

Todas as paixões do mundo

Então saiba

Ainda que eu siga para o beco

E a boa Fortuna não me faça companhia

O que eu vejo é a bahia

A paisagem

A glória

A linha do horizonte

Saiba também

Que caminharia ao seu lado

Para muito além da Taprobana

Por mares nunca dantes navegados

No seu pesar ou no seu contentamento

Porque além de navegar

Sentir e viver é preciso

Cordel de Adele Oliveira

Rosângela Moura — 2017-12-23

CORDEL DE ADELE OLIVEIRA

A família da Adele

Escolheu para viver

A cidade de Ceará-Mirim

Para a menina crescer

Pesquisar sua vida

Muito nos fez aprender

Ainda menina

Uma grande dor sofreu

Causando-lhe tristeza

O seu pai faleceu

O mar foi sua sepultura

E disso ela não esqueceu.

III

Voltou para Ceará-Mirim

E muito estudou

Uma bela profissão

O seu coração conquistou

Tornou-se professora

Exercendo o ofício com amor.

Das crianças com carinho

E amor sempre cuidou

Tornaram-se seus filhos

Pois ela não se casou

O seu prometido

Por outra lhe trocou

Apesar da decepção

Não se entregou

Levou sua vida adiante

Com coragem enfrentou

Todos os obstáculos

Sempre superou.

Sua vida era discreta

E para se ocupar

Passou a escrever poemas

Para sua dor passar

Somente seus alunos

Podiam lhe alegrar.

VII

Um orfanato criou

Crianças adotou

Com muito carinho

A todas elas tratou

Viveu para amá-las

Nunca as abandonou.

VII

A filha amada de Deus

Foi chamada para outra dimensão

O dia da sua partida

Entristeceu o coração

Do menino e da menina

A quem deu a mão.

Adele era assim

Simples e decidida

Forte e corajosa

Mulher bastante ativa

Solitária, introspectiva

Porém fez o melhor em vida.

Dedicou amor ao próximo

Ao filho que não era seu

Porém foi a forma

Que Deus lhe deu

Para diminuir a tristeza

Que ao seu coração desceu.

Vou ficando por aqui

Teria muito a falar

Dessa pessoa importante

Que passei a gostar

E com muito carinho

Desejo a todos mostrar.

Cristalino

Alana Driziê — 2017-12-23

Cristalino

O puro, o belo.

Transparente, sem máscaras.

Só um rosto, límpido, claro.

Voz cristalina, divina, fina.

Rocha, forte, frágil.

Como pode algo ser forte e frágil?

Forte é teu exterior; infindo, ferro.

Frágil é teu interior; lindo, belo.

Assim que tu és...

semelhante ao cristal, querido e leal

Menino

Pequenino

Meu destino.

Assim termino,

cristalino.

Culpa da sua imaturidade

Mário Oliveira — 2017-12-23

Culpa da sua imaturidade

Não posso, não consigo seguir o que foi dito por minhas lágrimas, não consigo ser um ator em meio a essa peça de jogos de um lado para o outro.

Não sei o que fazer, as escolhas estão na minha alma, as emoções nos meus pensamentos, o corpo no meu coração, minha escolha? Teu inverso.

Não sei o que fazer com tantas coisas que sai dos seus dedos, estando estressado, suas palavras me destruíram por dentro e ninguém percebe e mesmo assim continua a declarar o seu “amor” pela minha alma.

Meus pensamentos querem a ti, mas, meu corpo quer te esperar, que decisão é essa? Nesse caso é tão difícil, em outras vidas são tão simples.

Largue essa bolsa de esquina, largue essa vida de tempinhos, tempos maiores estão te esperando enquanto você continuar nesse impulso. diga adeus aos Teus sonhos destruídos.

Despedida

Ana Beatriz Cavalcante — 2017-12-23

Despedida

Venho ao teu encontro na esquina
Em meio a conversas e buzina
O vento gelado paira
Suas mãos abraçam as minhas
“Benção? Que frias!”, você dizia
E aquecia com seus dedos rígidos
Marcados pela luta e árduo trabalho
Mas que as cariciavam
Com atenção, cuidado.

No passar dos anos e idade
Um imprevisto acontece
Não há motivos para se preocupar
Eu estou contigo, eu e o meu polegar
Que desenha sobre suas linhas
De inesperado, surge uma minha
No cantinho, é um sorriso!

Sua visita me alegra
Contudo, os papéis se invertem
Parti, mas meu amor permanece
As minhas estão frias
E é você que aquece.
No pesar deste dia
Lembre que os meus olhos descansam
Para que, enfim, eu encontre a mulher de minha vida.

É 6 de agosto

Josué Júnior — 2017-12-23

É 6 DE AGOSTO

diário desatualizado

e assim continuará

até que junte coragem

de admitir pro tempo

que a dor sempre acompanha

queria que o timbre da tua voz

me dissesse que já se mudou

que pintou a parede com a cor favorita

e colocou um abajur antigo na sala

queria ouvir que saiu com os amigos

e voltou tarde sem se arrepender

que o estresse do trabalho é aliviado com música

e que ouve a playlist que mandei

só queria que dos teus lábios

saíssem um:

"e como está você?"

Estás te indo?

Alana Driziê — 2017-12-23

Estás te indo?

Não vás!

Deixa-me ver a beleza do mundo

por mais alguns segundos...

deixa-me...

ou melhor...

não me deixe!

Estradas

Yara Adryelle Souza — 2017-12-23

Estradas

Gosto da brisa fria,

A açoitar-me ao vento,

Do meu cabelo em revoada,

Singelamente sereno.

Ladeiras, curvas e colinas,

Estradas simples e sinuosas,

Doce encanto,

Ensinando-nos lições.

Um galopar,

Quase imperceptível,

Sonhos verdes,

Às margens da vida.

Sons, vultos e velocidade,

Campos e prédios,

Onde quer que se vá.

Propagandas, pôsteres e placas,

É a vida a cobrar,

A persuadir.

Paralelepípedos sem vida,

Piche seco e calmo,

Asfalto grosso e rijo,

Estradas na vida a seguir.

Estranho

Milene Bazarim — 2017-12-23

Estranho

Numa noite estranha descobri

Há um estranho em mim

Ele anda comigo

E até corre

Mas como pode um estranho

Habitar dentro de mim?

Mas como pode ser estranho

E saber tudo sobre mim?

Ele vê o que vejo?

Bebe o que eu bebo?

E quando não como

Ele também não come?

Mas como pode um estranho

Habitar dentro de mim?

Mas como pode ser estranho

E saber tudo sobre mim?

Para não ser notado

Quando desperto

Ele silencia

Quando durmo

Ele trabalha

Mas como pode um estranho

Habitar dentro de mim?

Mas como pode ser estranho

E saber tudo sobre mim?

Se come da minha comida

Sentirá a minha fome?

Se se deleita com o meu prazer

Também sente a minha dor?

Mas como pode um estranho

Habitar dentro de mim?

Mas como pode ser estranho

E saber tudo sobre mim?

O estranho me estranha

– Quem é você? O que faz aqui?

Se é ele quem pergunta

Então, seria eu o estranho ali?

Eu te esperarei

Milene Bazarim — 2017-12-23

Eu te esperarei
Não porque a espera basta
Eu tenho uma alma terna
E um coração cativo

Não é melhor essa espera
Que poder estar contigo
Mas eu te esperarei
Porque da espera não pena

Se o que foi encontrado
Nunca mais se torne perdido
E ainda que você não venha

Eu te esperarei
Porque nessa espera eterna
Te trago sempre comigo

Feliz(cidade)

Jefferson Moreira — 2017-12-23

FELIZ(CIDADE)

Felicidade tem idade.

Sim, são todas elas.

Felicidade tem que guarde

Na memória cenas belas.

Esse sentimento livre

Que aformoseia o rosto

É prazer de quem vive

Sem medo de ser exposto.

Felicidade nasce cá dentro

Mas brota lá fora.

Felicidade pra quem ri do vento

Mas também pra quem chora.

Sentir a vida acesa

E pulsar com o coração.

Entender que toda tristeza

É uma pausa na canção.

Sorriso que liberta,

Que deixa a alma risonha

Quando o olhar desperta

Pra viver o que tanto sonha.

Felicidade na cidade

Na avenida, na contramão.

Felicidade nos vales

Brotando na plantação.

Felicidade nunca tem fim.

Desta verdade há quem tema.

Talvez por causa de mim,

Ela acabe aqui num poema.

Fios Invisíveis

Demóstenes Dantas — 2017-12-23

Fios invisíveis

São fios invisíveis,

Visíveis à alma,

Tangíveis ao coração.

São fios invisíveis,

Indissolúveis, volúveis,

Indubitáveis.

São visíveis fios invisíveis,

Pontes de afeto,

Teias de esperança

Que se desesperam.

São fios que tecem,

Se torcem, distorcem,

Retorcem o coração.

São fios,

Somente fios,

Fios entre mim e ti.

São fios invisíveis

Que tecem o destino,

Que fiam imagens,

Imagens de dor,

Fios de amor!

Flor e Beija-Flor

Jefferson Rodrigues — 2017-12-23

Flor e Beija-Flor

O dia acordou

E com ele um beija-flor

O dia desabrochou

E o beija-flor sorriu

Cantarolando

Ouço o beija-flor daqui

Ser o meu amor?

Sim

Lhe trago flores

Me disse

As mais lindas?

Você é a mais linda

Me beijou

E brotou flores!

“Gostar”

Alysson Maxwell Silva — 2017-12-23

“Gostar”

Falam muito de amor, mas não ouço falar no gostar.

Aquele sentimento antes de qualquer outro

Puro e difícil de encontrar...

Gostar não é paixão, não é amor e nem tesão

Gostar é simplesmente admirar

Sentir aquela aglutinação de sentimentos no teu peito a aflorar.

Sentir que a felicidade é maior por um sorriso

Mesmo que não seja por mim

Mesmo que por um afeto conciso

Mas me alegra o riso que advir

Puro e singelo é esse tal gostar

Que é estar com, mesmo sem estar.

É estar feliz com outra felicidade

Sem ser uma efemeridade e somente apreciar.

Sem malícia e sem pretensão

Apenas a quero bem

Se for bem comigo? Beleza, então!

Mas, se não for, que mal tem?

Independente de com quem estiver ainda vai ser um gostar

Pois isso vai muito além de claro desejo

Por não querer um simples abraço ou beijo

Apenas sua felicidade de uma forma que nem reticências caberão explicar...

Há alguma glória no sofrimento

Milene Bazarim — 2017-12-23

Há alguma glória no sofrimento
Não no que ele tem de dor
Nem no que ele tem de triste
Não há glória no sofrimento

Quando ele escorre morno
E encharca o leito vazio
Nem quando vocifera
ou no quanto silencia

Sofrer não cura nem purifica
Não salva nem oportuniza
Não é escolha e acaso seria

Vitória quando vencido
Belo quando poesia
Glória quando bem findo

Há nexo (ao fim)

Jares Duarte — 2017-12-23

Há nexo (ao fim)

As palavras se perdem nos padrões

Nos sorrisos vão à míngua:

As travas na minha língua

Superam a dor dos sisos

Dormências, membros omissos

Espasmos, olhos curiosos

No osso que sobrou do ócio

Mora o silêncio mais permissivo

E as palavras (as ditas faladas)

Falham antes de tentar

Ao passo que – em segredo – secretam

E os olhos (da noite marcada)

Param antes de piscar

Ao passo que – a esmo – revelam.

Ilusão

Yara Adryelle Souza — 2017-12-23

Ilusão

Busquei sem saber,

Em todo olhar,

Verde... Castanho, azul, mel,

Procurei sem entender.

Fui fiel sem querer, sem pretender, incompleta,

Em cada canto, em cada lugar,

Mantive-me desperta,

Me fiz sangrar, desesperar, tinha de achar!

Em cada palavra, sonho, verso,

Busquei a resposta,

Viva em algum lugar do universo.

Encontrei e deslumbrei,

Achei e amei...

Mas... ele não estava lá.

“In” Certeza

Reginaldo Lopes — 2017-12-23

“In” Certeza

Tanta coisa passa nesse momento na minha cabeça. O sentimento de insegurança me deixa de pernas bambas. Meu coração bate mais acelerado com a sua presença. A respiração fica ofegante, como se quisesse tomar o meu fôlego. As mãos suam, só de pensar que posso tocá-la. Sentir seu cheiro. Sentir o calor do seu corpo colado ao meu. Tento disfarçar, mas é tarde demais pra esconder. Ela percebe muito rápido o que estou sentindo quando fica frente a frente comigo. Seu jeitinho manhoso faz com que eu me derreta todo. Às vezes, penso como será quando tudo isso acabar. Sei lá, mas eu curto cada minuto quando estou ao seu lado. Muitas vezes, ela nem percebe que estou olhando. Mas, é para memorizar e guardar no coração, cada reação que acontece com ela. Seu cheiro no meu travesseiro, é o relaxante para eu dormir e acordar cedo e esperar ansioso por mais um dia de fortes emoções, que espero nunca mais esquecer em minha vida, mesmo que eu viva para sempre. Será que isso é amor? Paixão? Ilusão ou só reciprocidade dos dois? Não sei! O que sei é que não quero que isso não acabe por nada nesse mundo. Mesmo quando ela me faz raiva, com seu jeito único, me provocando, só para testar minha paciência. Mas eu gosto do seu jeito moleque. Adoro seu sorriso. Amo seu olhar de menina travessa. E o que mais odeio nela, é a incerteza de que virá amanhã, para iluminar o meu dia e encher de estrelas o céu da minha vida.

Letrasiar

Ayres Charles Nogueira — 2017-12-23

LETRASIAR

No tempo em que decidi letrasiar

Encontrei muitas letras resolvidas

Que não me deram cabimento

Mas em nenhum momento

Mastreei algum lamento

Eu queria poetizar

E embora tivesse palavras desvalidas

Arrisquei no papel certo entrosamento

Com dito sem nenhum fingimento

Ainda em fase de crescimento

Passei a linguistificar

Simples frases desmedidas

Recebendo punhados de fermento

Foram me dando o entendimento

De que escrevia aquele acontecimento

Por fim, riscando para apalavrar

Inúmeras folhas consumidas

Os rascunhos traduziram o sentimento

Do quanto de crescimento

Obtive e anotei como ensinamento

Língua da mente

Josué Júnior — 2017-12-24

LÍNGUA da MENTE

as palavras dão o laço

na corda em meu pescoço.

palavras soltas,

incompletas, incompreendidas,

indeterminadas.

no segundo que as proferi

já não tinham o mesmo ver.

selei a boca,

afastei o interlocutor

e me tranquei na mente.

as palavras continuam incompreendidas

Melancolia melancólica

Alana Driziê — 2017-12-24

Melancolia melancólica

Palavras

Mal ditas (ou malditas?)

saem como não deveriam,

dizem o que não devem dizer,

criam situações desnecessárias

Gestos

Ações

Sem querer (querendo?),

Coisas não pensadas,

sem reflexão sobre consequências,

que acabam sendo geradas

Pensamentos

Olhares

Achas que não vi (ou vi, ouvi),

entreolhar, meio olhar,

meu olhar, seu olhar,

sem olhar, sem pensar,

só pensando...

pensando em quê?

Em quem?

são coisas que quebram um coração

Associações certas,

erradas, complicadas,

pequenas, ínfimas, insignificantes...

totalmente relevantes

O nada se torna centro

e o centro se torna lágrimas

Mergulho

Francisca Lopes — 2017-12-24

MERGULHO

Mergulhei num poço de palavras

Pesquei algumas delas com o anzol da consciência

Listei-as para facilitar as escolhas

Paquerei-as.

Firmei o namoro.

Casei!

Senti emoção ao descobrir o sentido

De cada uma dessas palavras dentro de mim.

Organizei-as assim:

Pensamento, ternura, compaixão

Mutirão para renovação.

Conselho, exemplo, reflexão

Resumo para a determinação.

Sonho, poesia, influência

Sensível toque de definição.

Coragem, virtude, atitude

Elementos de construção

Espelho, vivência, síntese

Análise para a contemplação.

Ego, id, superego, vaidade

Antagonismo impulsionando a introspecção.

Intrínseco, intimidade, substrato

Lampejo de interação.

Paz, saúde, prosperidade

Vertente para o equilíbrio unidas a percepção.

Amor, humildade, meiguice

Toque de candura rumo à perfeição.

Palavras, palavras, palavras

Linha divisória entre o bem e o mal

Supremacia à distinção.

Nem tente!

Milene Bazarim — 2017-12-24

Nem tente!

Eu sou como bicho selvagem

Todo meu encanto

Reside em ser livre

Se você me prende

Se você me doma

Se você me toma

O que te encanta

Some!

E, no final,

Perco quem sou

E você fica sem mim...

Pensamentos

José Félix — 2017-12-24

Pensamentos

Que dor difícil de explicar

Amar ao espelho?

A natureza me fez belo,

Mas o orgulho me faz feio.

Na noite ao luar

Na esperança de poder amar

No beija-flor que traz alegria

O destino se faz difícil

No tormento dos meus pensamentos

O cantar do mar

As sereias me fazem sonhar

Deixar o passado para trás

Respeitando a morte

O amor há de brotar.Parte superior do formulário

O eu pintado

Cida Veríssimo — 2017-12-24

O eu pintado

Quem sou eu?

Nem mesmo me reconheço.

Há algo dentro de mim.

E o que fazer com esta fera que me habita?

Diga-me, por favor, diga-me!

Por que foi despertá-la quando já havia sido domada?

Não vês que ela pode machucar?

Que essa fera, antes adormecida e agora despertada possui uma intensidade crua de tirar o fôlego, de arranhar?

Creia-me, ela não é só uma chama bruxuleante.

Não...

Você despertou o fogo em meus olhos.

E por quê?

Simplesmente para abandoná-la e deixa-la para morrer de sede, fome e arder no próprio fogo?

O poder da chance

Jefferson Rodrigues — 2017-12-24

O poder da chance

Me sinto livre

como um pássaro,

Quando uma chance te dei...

O que restou de nós?

Alana Driziê — 2017-12-24

O que restou de nós?

Migalhas de sentimentos...

Meus, e tão teus.

Dei a ti meu coração sem pedir nada em troca:

Olha aqui, queres esse pedaço de carne pra ti?

Ele quer tanto te pertencer!

E tu tomaste...

Pegaste meu coração

E arrancaste cada artéria que o fazia funcionar.

Eu te disse,

Pega meu coração,

Ele é teu!

Por que fizeste qualquer coisa com ele?

Jogaste no meio da rua alagada,

Naquela esquina cheia de velhinhos

Que mal se lembravam do que faziam na fila com o jornal.

Esqueceram, eles, do nosso amor.

Tu, junto a eles, duvidas do nosso sentimento.

Eu, inocente, esquecera o perigo

De entregar jardim de amores a um qualquer;

E assim, entreguei-me:

Em vão: sem resposta.

Nunca. Nada.

E foi isso o que restou de nós.

Para o bem e para o mal

Milene Bazarim — 2017-12-24

Para o bem e para o mal

O tempo passa igual

Não acelera na agrura

Não se demora na bravura

Ainda que se implore

O tempo do pesar

Ou a hora da fartura

Não muda o quanto dura

O tempo continua

Mesmo intermitente

Entre o ódio e a candura

Ele segue indiferente

Não há felizes para sempre

Nem morte prematura

Paraíso nordestino

Carlos Danilo Teixeira — 2017-12-24

PARAÍSO NORDESTINO

Eu moro num paraíso

Cravejado de cultura,

Marcado pela bravura

De um povo que é forte.

Sou feliz por ter a sorte

De nascer um nordestino,

Essa herança cultural;

Por aqui é natural

Já nascer sendo artista,

A nossa arte conquista

Os stands mundiais,

Temos veias culturais

E por isso vou dizer

Com imenso prazer:

Meu Nordeste é bom demais!

Poete

Ayres Charles Nogueira — 2017-12-24

POETE

A alameda do poete

Fica lá ao final da ladeira

Onde tudo passa pela peneira

E ninguém é criticado por asneira

De desdenho não é lugar

Logo se escuta toda moça e rapaz

Mesmo que não se julgue um ser capaz

Encontra o silêncio multimodal e falante da paz

Ali é espaço de versejamento

Contentes as letras produzem escarcéu

Protegidas pela ordem do reduto de sobrecéu

Tecem a harmonia inquebrantável dos átomos do céu

Poetizando com a lua

Carlos Danilo Teixeira — 2017-12-24

POETIZANDO COM A LUA

Eu digo a você que a lua

Não é tão longe assim

E vou provar que é sim

Fácil de se chegar nela,

Basta uma cena bela

Quando se olhar pro céu,

Café, caneta e papel

Pra logo sair um verso,

Continuando o processo

Beba um gole de poesia

Relaxe sua agonia,

Deixe o estresse voar,

E solte a força da mente

Perceba que de repente

Na lua se chegará.

Quando ela adoeceu

Milene Bazarim — 2017-12-24

Quando ela adoeceu

Precisou de torre para sonhar

Ela não via céu

Nem lua nem mar

Não tinha desvario seu

Nem podia cantar

Não estava perto do céu

Permanecia longe do mar

Então ela enlouqueceu
Voltou a amar
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par

Sua alma desceu do céu
Seu corpo subiu do mar
Ela saiu da Babel
E foi caminhar ao luar

Quarta exaustão

Josué Júnior — 2017-12-24

QUARTA EXAUSTÃO

as pálpebras pesam feito elefantes

enquanto os olhos ganham suave coloração

de vinho tinto

as pernas quase ganham vontade própria

e arrancam-se do corpo

para repousar num leito de morte

agora todo o corpo pede sossego

mas é na morte que há paz?

quando dorme, morre?

e quando morre, morre?

Carlos Drummond já duvidava

e a mim só resta adormecer

para o leito

Quem sou eu?

Milene Bazarim — 2017-12-24

Quem sou eu?

Sou apenas meio em um milhão!

Projeto de ser humano feliz que fracassou,

tentativa de adaptação com a espécie

que, apesar dos esforços, também fracassou.

Eu sou a sujeira do que já estava sujo,

um farrapo,

um lixo.

Que levo uma vida errônea

e vivo embriagado de discórdia e pessimismo.

E quando a perversão dos meus atos me derruba,

cospem em meu rosto despudorado,

riem de minha posição imoral...

Eles simplesmente não me distinguem

do chão imundo pelo que desfilam

soberanos na arte da razão.

Se murmuram algo é para lembrar

que sou um farrapo humano.

E daí?

Já que sou a própria insignificância

Perto de meus semelhantes perfeitos...

Saudade é mais um clichê da vida

Louise Silva — 2017-12-24

Saudade é mais um clichê da vida

E eu ainda tenho esperança

Em te encontrar nessas andanças

A vida tá complicada

Mas quando a saudade aperta no peito

Me desculpa o mal português

Mas a minha saudade é de uma querência que precisa ser matada de qualquer jeito.

Então eu espero que você chegue um dia

E me diga:

Criança, a saudade é mais um clichê da vida

Você sabe que apesar de tudo eu tô aqui

E eu acredito tanto em ti

Que tu não imagina isso que eu consigo sentir.

Se o sentir transborda

Milene Bazarim — 2017-12-24

Se o sentir transborda
Da alma entorna
E palavra se torna
Para nascer poesia

Mas quando se teima
Porque palavra deforma
O sentimento de que é tema
O sentir então sem forma

Por não sair poema, queima
Não sendo verbo que conforma
Para alma retorna

E sem palavra que adorna
Brota então lágrima morna
Aquilo que verso seria

Sempre ao livre

Jefferson Rodrigues — 2017-12-24

Sempre ao Livre

Livre ao Negro!

Livre à Negritude!

LIVRE! LIVRE!

Negro Livre!

Negritude Livre!

Negro, se Livre!

Simbiose poética

Francisca Lopes — 2017-12-24

SIMBIOSE POÉTICA

Se fosse possível contar

As coisas que já vivi

Se conseguisse sonhar

Os bons sonhos que escrevi

Teria no colo a vida

A razão do existir!

Se o passar do meu tempo

Manhosasse nas ações,

Se as dádivas recebidas

Perdurassem na razão,

A vida seria vivida

Entre o sonho e a emoção!

Se a desavença sumisse

Do íntimo do coração,

Se a luz do cérebro piscasse

Sinalizando perdão,

A paz aconteceria

E ficaria guardada

Nas palmas das minhas mãos!

Se o dia não desmaiasse

Se as sombras não aparecessem,

Se o arco-íris bebesse

As chuvas torrenciais,

A Solidão nem sentiria

O vácuo que a saudade

Desfiando a despedida

Desenhou em meus murais!

Se o labirinto da mente

Virasse uma longa reta

Se o destino da gente

Fosse a linha do Equador

Dividindo nossos mundos

Sem mágoa e sem rancor

Os fantasmas que carrego

Se despiriam do terror.

Se fosse possível voltar

No tempo que já passou

Se fosse possível acordar

Os sentimentos vividos

Dispensaria a paixão

E prenderia o amor

Com as cordas do coração.

Só por hoje que a fé seja eterna

Milene Bazarim — 2017-12-24

Só por hoje que a fé seja eterna

Só por hoje que a esperança nunca acabe

Só por hoje, enquanto a dor não termina,

Que a lágrima cesse

Só por hoje que o sorriso seja verdadeiro

Só por hoje que a felicidade exista

Só por hoje, ainda havendo rancor,

Que o perdão insista

Só por hoje que não se peça abraço

Só por hoje que não se implore amor

Que a palavra seja honesta

E cumprida

Mesmo que só por hoje

Que possa ser hoje a cada dia

Soneto das construções

Joanderson Fernandes — 2017-12-24

Soneto das construções

Ao recanto das paredes frias incolores

A dor do sofrimento enraizada nas primeiras horas do dia

À margem das mediações multicolores

Bem embaixo de sua moradia.

Na vista principal os arranha-céus

Luminosos, grandiosos e lustrosos

Escondem as angústias debaixo dos chapéus

E as sombras marcam as horas dos pequenos esperançosos.

Tijolo e cimento

Terreno e fomento

Rápido! Busca-se faturamento.

Um dos pequenos, seu doutor

Não esqueça jamais

É filho do pedreiro construtor.

Textático

Ayres Charles Nogueira — 2017-12-24

TEXTÁTICO

Se o desafio é com o texto

prefiro ser bastante prático

Não se pode fugir do contexto

esse é o discurso dogmático

Das palavras fiadas no genotexto

sou a todo instante carismático

Jamais me venha com pretexto

para que não seja sistemático

Reclamando aroma de intertexto

endosso remate problemático

Nunca exija de meu fenotexto

um aperto de fecho fanático

Consequente e saliente microtexto

desenclaustro livre e selvático

Nem invada o produto metatexto

Crave a manutenção do predicativo textático

Uma de filosofias...

Alana Driziê — 2017-12-24

Uma de filosofias...

Não sei se o que estou fazendo é certo ou errado

Se é certo se entregar, errado desistir...
se tudo não passa de um grande engano
de uma mente fora de si

Se tudo não passa de um abrir dos olhos final

Não sei se posso dizer que estou confusa;
estou?

O mundo parece girar em um compasso
totalmente descompassado ao meu,
e não me dá tempo de tentar sincronizar nossas melodias

Tudo passa tão rápido,
é tão depressa..
não dá tempo de pensar

Pensar no que faço,
no que fiz,
no que farei

Impulso vivencial

Nada sei

Só sei que estou tentando.

Vagueando

Francisca Lopes — 2017-12-24

VAGUEANDO

A vida vaga veloz

No mundo vesgo e incerto

Na dor que falta harmonia

Na paz que falta alegria

Nos lentos lamentos certos,

Nos graves tons de procuras

Na messe que estremece

Em leitos onde enlouquece.

Vida tosca, tostada no sol ardente

Arestas emaranhadas em vãs torrentes

Tecidas de finos fiascos

Lânguido pensar voluptuoso

Rasgando o véu do passado nas vésperas.

Mundo vesgo e incerto

Vida que vaga veloz.

Na mente da gente

Fetiche, festins...

Explosão de façanhas

Centelhas decadentes,

De ambição!

Vida vigente

Que viaja no errante vento

Sem rumo, sem intuição

Na calçada da fama esgueirando-se

Em busca de honra,

Em busca de glória,

Em busca de satisfação

Num mundo vesgo e incerto

Onde a vida vaga veloz.

Vem andar-te comigo

Milene Bazarim — 2017-12-24

Vem andar-te comigo

Desenlacemos as mãos

Levantemos

Porque sabemos o destino

E o caminho é conhecido

Não temamos o perigo

Enlacemos as mãos

E se a andar-te comigo

Quiseres ir além da Taprobana

Por mares nunca dantes navegados

Desenlacemos as mãos

E sentemos?

Não!

Porque a cabo a esperança é boa

E mesmo na Pasárgada

Um Adamastor povoa